8 números que explicam a importância da luta das mulheres por respeito

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Foto: Vinicius Torresan / Marcha das Vadias Curitiba 2016

Existem vários “oitos de março”. Há aquele do bombom, o das flores. Existe o que é celebrado com declarações que ressaltam a fragilidade e a singeleza das mulheres. Mas há um oito de março que não pode ser esquecido: o da luta das mulheres por direitos e por igualdade. E foi aí que tudo começou.

A decisão de fazer com que o dia 8 de março fosse delas tem uma origem política e social. Principalmente na Europa e nos Estados Unidos do final do século XIX, as mulheres viviam sujeitas a condições de trabalho degradantes e não tinham os mesmos direitos políticos e sociais que os homens. Essa condição subalterna fez eclodir um grande movimento feminino no mundo. As principais reivindicações eram a redução da jornada, condições humanas de trabalho e igualdade econômica e política.

Uma das mobilizações mais marcantes ocorreu nos Estados Unidos em 1857, quando 129 operárias de uma indústria têxtil morreram carbonizadas durante uma emboscada em um protesto pela redução da jornada de trabalho, que era de 14 horas. Em 1910, o 2º Congresso Internacional de Mulheres, realizado em Copenhague, instituiu o 8 de março como Dia das Mulheres em homenagem ao massacre.

Hoje, cerca de um século depois, a desigualdade de gênero ainda persiste. Para marcar o 8 de março de 2017, listamos alguns indicadores do Brasil e do mundo que comprovam que a luta das mulheres ainda é necessária.

Emprego e mundo do trabalho

1) As mulheres trabalham em média 7,5 horas a mais que os homens por semana. Em 2015, a jornada total média das mulheres era de 53,6 horas, enquanto a dos homens era de 46,1 horas. É o que aponta o Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

2) As mulheres negras compõem a parcela da população que mais sofre com o desemprego. Em 2015, 13,3% delas estavam nessa situação, enquanto a taxa de desocupação entre todos os homens do Brasil era de 7,8%. Os números também são do Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça com base em séries históricas de 1995 a 2015 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.

3) No mundo, salários das mulheres são 24% inferiores aos de homens para a mesma função Os números são do relatório global O Progresso das Mulheres no Mundo 2015-2016: transformar as economias para realizar direitos, da ONU Mulheres.

Representatividade política

4) Apesar de serem a maioria da população, as mulheres têm pouquíssima visibilidade nas cadeiras do Congresso Nacional. A cada 100 deputados que ocupam a Câmara dos Deputados, apenas nove são mulheres. No Senado, elas são 13,6%. O cenário brasileiro é pior que a média dos países do Oriente Médio, que contam com uma participação política feminina de 16%.

Violência

5) Em 2015, Brasil registrou uma denúncia de violência contra mulher a cada sete minutos. Os números são da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República com base no banco de dados do Ligue 180.

6) Uma em cada três brasileiras sofreu algum tipo de violência em 2016. Os números são de uma pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Datafolha e encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança.  Levantamento ainda identificou que 40% das mulheres acima de 16 anos sofreram algum tipo de assédio: comentários desrespeitosos na rua, assédio físico em transporte público e ser beijada ou abordada sem consentimento. Confira mais dados da pesquisa aqui.

7) O Brasil é o quinto país do mundo que mais mata mulheres e fica atrás apenas da Rússia, Guatemala, Colômbia e El Salvador. O país tem uma taxa de 4,8 mortes por 100.000 mulheres, segundo informa o Mapa da Violência 2015 – Homicídios de mulheres no Brasil.

8) O racismo também compõe o cenário da violência contra a mulher brasileira.  Em 2015, o Mapa da Violência sobre homicídios entre o público feminino revelou que, de 2003 a 2013, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%. Os números também são do Mapa da Violência 2015 – Homicídios de mulheres no Brasil.

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